segunda-feira, 27 de agosto de 2012


Voce já parou pra pensar como seria abrir a porta do banheiro um dia, e me ver ali, ou melhor, apenas meu corpo, sangrando? O que te atormentaria naquela semana, a cena vista ou todas as memórias, todos os arrependimentos? Já se perguntou como seria acordar todos os dias e não me ter ali, pra te atrasar, pra te fazer gritar logo de manha? Será que voce se lembraria de todas as vezes que me deu lágrimas quando poderia ter me dado apenas sorrisos? Se lembraria das vezes que me fez sorrir, mas mesmo assim se arrependeria de algumas atitudes? Ou será que voce apenas se lamentaria, sem pensar em nada, sem arrepender de nada?
Já se perguntou como seria chorar todos os dias arrependido de algo que não volta mais?
Já se perguntou como seria desejar um abraco mais que tudo, um abraco que voce disperdicou, recusou, e não poder mais te-lo?
E se voce tivesse uma semana, uma semana apenas, pra me fazer sorrir? Voce pensaria antes de gritar, de me proibir de sair por motivo nenhum, de me xingar e me machucar? E se por acaso essa fosse minha última semana, voce me faria sorrir cada segundo do meu dia?
E será que voce já se questionou até quando eu vou viver? Ou melhor ainda, se questionou o que voce faz para que esse dia, da minha partida, se afaste cada vez mais, ou se torne algo tao dispensável, algo que não faria diferenca considerando todas as alegrias vividas antes dele?
E tudo que voce me diria caso fosse a última chance de me fazer ouvir qualquer coisa, já pensou no que seria? Já pensou em quantas vezes voce quis dizer algo e não disse, mas caso não tivesse mais oportunidade de olhar nos meus olhos, sentir minha respiracao e até o calor da minha pele, iria se arrepender mortalmente?
Se não, deveria.
Deveria pensar em quantas lágrimas me forcou a derramar, quando tudo que eu precisava era sorrir. Todas as vezes que tudo que eu quis foi um abraco, mas voce nunca percebeu, nunca pensou em dar. Não foi por mal, nunca foi. Mas me fez mal, como fez. Cada grito, cada palavra, cada xingamento. Doeu. Muito.
Talvez se um dia eu partir, sem aviso prévio, sem dor, sem nada, só for embora, pra sempre, voce deveria pensar nos momentos em que me fez sorrir. E naqueles que me fez chorar, só pra nunca mais repeti-los. Chorar faz parte, mas ser machucada da forma que eu fui não faz.
Eu não preciso ouvir essas coisas, não preciso sentir isso. Voce já parou pra pensar? Já parou pra pensar como tudo pode ser mais fácil se voce apenas pensar antes de falar? Ou gritar, como na maioria das vezes.
Talvez se essa fosse minha ultima semana aqui, com voce, tudo isso mudaria. Provavelmente essa não seja minha última semana, nem a próxima, nem mesmo a seguinte dessa. Mas elas poderiam se tornar vida, sorrisos e alegrias, já pensou nisso?
Se nao, deveria.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012


Saber que você faz isso me preocupa-machuca mais do que você imagina. Eu sei bem como é sentir vontade disso, como é ter seu corpo implorando por uma atitude errada, uma injustiça consigo mesma.
Não sei a quanto tempo você faz isso ou quando fez pela ultima vez, mas eu juro que quando você aguenta esse desejo por um tempo ele melhora muito, e um dia passa.
Comigo pelo menos acontece assim, as vezes ocorre algo que me deixa mal, ou eu penso algo que me deixe dessa forma, e a vontade de me machucar aparece. Por incrível que pareca, 90% das vezes que eu quero fazer isso nem tem motivo ou acontecimento momentâneo. Do nada a vontade aparece, me toma, me consome, e sem nenhum porque eu preciso conviver com ela, me distrair, aguardar que ela se vá. E depois de um tempo resistindo ela sempre some.
Eu sempre me questionei o por que de não fazer isso. Se vai me deixar melhor, por que nao?! Eu pensava “se os outros podem me machucar, porque eu mesma não posso?!”. Mas pensando bem, por que não olhar pro outro lado? Por que fazer? Por que eu, uma menina incrível, forte, com toda vida pela frente preciso me abalar com os impasses que a vida me traz quando lá fora existem milhões de motivos pra me fazer sorrir?
Será que você, uma menina incrível, de verdade, uma menina que causa inveja a muitos, atrai olhares por onde passa, ilumina mundos com o seu sorriso, merece viver qualquer tipo de sofrimento? Não. Mas isso é inevitável. Nós sofremos e choramos, mas crescemos. As lágrimas de hoje são os sorrisos de amanha. Injustica mesmo é você, que não merece nem um pingo de dor, machucar a si mesma.
A vontade passa, mas assim como tudo na vida é preciso lutar contra ela, para que assim ela se vá, finalmente. Se cortar, se machucar, não traz nada do que uma sensação momentânea de prazer e cicatrizes inúteis.
Talvez eu tenha exagerado, nao sei se voce se você se sente assim. Eu espero de verdade que não, mas se isso acontece, que você aguente firme mais um pouco, porque eu juro que se você não fizer por um tempo até seu corpo deixa de querer essa sensação.
Sabe, são tantos os motivos pra sorrir, pensa neles, pensa em quantas coisas boas ainda estão por vir, em quantos sorrisos você já proporcionou e quantas pessoas te amam tanto a ponto de, se pudessem, sentir a dor que você sente só pra tira-la de você.Um dia eu sentei e coloquei no papel cada motivo que eu tinha pra não fazer isso. Cada desvantagem que essa atitude proporciona, mesmo comparada ao prazer do momento. E sério mesmo, não vale a pena. Ninguém merece sofrer, nem muito menos proporcionar dor a si mesma. Quando der vontade senta, pensa no sorriso de alguém, ouve uma música, chora.
Resistir à vontade por um tempo parece ser ruim, mas eu juro que quanto mais você resistir mais fraca essa vontade fica, e logo logo ela desaparece. São tantos os motivos pra não fazer isso, você vai ver como é desnecessário.
Sorria, meu anjo. Tem um mundo inteiro lá fora desejando sua felicidade a cima de tudo, todo tipo de dor passa e todo tipo de sorriso vai iluminar sua face um dia. Lute por eles e só por eles, esqueça o mal, viva só em pró do que te faz bem.

terça-feira, 17 de julho de 2012


Sabe, você costumava se preocupar. Você perguntava se eu estava bem, lia meu blog, e até me abraçava, mesmo que de longe. Você se importava. Você soube que eu não estava bem, você viu cicatrizes. E foi como se não mudasse nada, como se eu tivesse tão bem a ponto de não precisar de ninguém, muito menos você. Você sabia que eu estava sangrando, você sabia que todas as noites, ao colocar a cabeça no travesseiro, eu me afogava em lágrimas. Você sempre soube que valia muito pra mim, e mesmo não podendo mudar meu presente, podia me ajudar. Ajudar a superar tudo isso que vem me torturando.
Mas não, você se foi. É como se você tivesse desistido, mesmo sabendo de que eu preciso de você aqui, cada segundo da minha vida. É como se você tivesse ido, porque me amar tivesse te dado muito trabalho. É como se você também tivesse me largado ao vento, como se eu não valesse mais nem seu esforço.
Sabe, isso machuca mais do que qualquer coisa. Eu abri não só minha mente e meu coração como abriram meu diário pra você. Eu te contei cada mínimo sentimento que me dominava, eu contei tudo que eu passava. E isso só fez você ir. E sabe, de um tempo pra cá, tudo que você tem me ensinado, é que não se deve confiar em ninguém, que se trancar atrás de um sorriso é a melhor opção. 
Mas tudo bem, eu supero isso. É só mais um detalhe, certo?!
Apesar de tudo, eu sinto sua falta. E eu queria que você pudesse ler isso e voltar atrás, mentir dizendo que pensou em mim todo esse tempo, que não me esqueceu de como realmente fez. Talvez ainda de tempo.


Ou talvez não.

quarta-feira, 4 de julho de 2012




Sabe, eu sempre soube que seria assim. Desde que eu resolvi me entregar de corpo e alma, eu já sabia que essa escolha traria consequências. Sabia que seu sorriso se tornaria o meu, assim como suas lágrimas. Seus medos iriam me afligir, suas angustias me consumir e suas perdas iriam me derrubar. Seu passado, me corroer. Mas eu quis seguir em frente, porque o amor sempre foi maior do que qualquer coisa.
Apesar de tudo, eu fiz a escolha certa. Não me arrependo de forma alguma, mesmo estando difícil. Tudo tem doido tanto em você e, consequentemente, em mim. E eu me sinto tão... Impotente. Eu sinto doer em mim, sinto doer em você, mas não consigo ajudar. Não consigo mudar o que nos corrói. Dói tanto. É como se nada que eu fizesse mudasse isso, nada que eu fizesse curasse sua dor.
Você tem ideia do quanto isso dói em mim? Ver-te assim e não poder fazer absolutamente nada?!
É como se todas suas dores fossem transferidas pra mim, mas mesmo assim continuassem em você.

sexta-feira, 22 de junho de 2012


Todos achavam que ela estava vivendo, e feliz.
Todos achavam que o cabelo raspado, era apenas uma questão de estilo.
Todos achavam que as unhas pretas, roupas rasgadas, e o cabelo despenteado, eram apenas partes de sua personalidade.
Todos achavam que ela estava realmente bem quando ela dizia estar.
Todos acreditavam no seu sorriso.
Ela andava pelas ruas se arrastando, sem rumo. Ela olhava para o futuro, e via um borrão cinza. Nos punhos, marcas do passado sofrido. No organismo, os danos causados pelo fumo. Mas nos lábios, aquele sorriso lindo, quase um ator. Mas os olhos, oh, aqueles olhos... Já eram foscos.
Ela tinha medo de continuar viva a ponto de ver o irmão se matar. Ela tinha medo de onde tudo aquilo iria chegar.
Ela não conseguia entender seus sentimentos, nem mesmo suas dores. Mas doía, como doía. Mas só ela era capaz de entender aquela dor, aquelas cicatrizes, aquela ausência de seu brilho.
Tudo se fora, ele levara tudo com ele. O passado fez questão de destruir cada partícula de felicidade existente na garota.
Ele se fora, e levara tudo com ele. Ele se fora, e a deixara sozinha, sem rumo, sem saber o que pensar nem muito menos fazer. A dor já era quase uma rotina, nem fazia mais tanta diferença. Já era parte do cotidiano, e nem trazia mais com ela aquelas estúpidas lágrimas. Talvez ele se fora com elas também, e não só com o coração da pobre menina.
Tudo parecia escuro, sem sentido. Sem brilho, sem futuro, sem nada. Nem ninguém. Sozinha pelo mundo, perdida no espaço, descobrindo o universo, descobrindo medos e dores. Descobrindo sensações boas, mas que depois vinham com o sofrimento.
É, a tristeza sempre vem.
Felicidade? Só uma ilusão de nós mesmos, felicidade não é nada. Felicidade não existe.

domingo, 3 de junho de 2012


Dizem que todos os acontecimentos na nossa vida tem um por que. Eu concordo. Nossas dúvidas, fracassos, nossos corações partidos, nossas confusões gigantes e até as decepções e erros. Ultimamente eu tenho vivido uma confusão sem igual. Não tenho respostas, mas inúmeras dúvidas. Não consigo entender porque tudo isso tem que acontecer comigo, nem muito menos até quando vou aguentar. Não sei que caminho seguir nem que futuro planejar.

Futuro? Quem me garante um futuro? Eu vou viver minha vida planejando um futuro que pode vir, e também pode nunca acontecer. Medo? Dor? O que é medo? E quem determina que dor seja ruim? Sem respostas eu crio teorias. Dor, por exemplo, é ruim naturalmente. Quando algo está errado em nosso corpo nós sentimos dor. Se algo está errado é porque não está bom, então naturalmente é uma coisa ruim.

Fé. O que é fé? É acreditar em algo imaginário, sem forma ou aparência própria. Alguns realmente acreditam, outros desejam acreditar como motivação para seguir em frente. Tendo fé em algo imaginário as coisas ficam mais fáceis. Se não está bom, ficará, porque temos fé. E dá certo.

Se tudo pode ser mais simples, porque está tudo complicado? Por que tudo dá errado, por que ninguém pode responder minhas perguntas, encontrar soluções? Não sei.

Sabe, são coisas da vida. Outro dia eu fui assistir uma peca onde os protagonistas buscavam a felicidade, e para isso mudavam 100% elas mesmas. Prometeram não fazer mais o que os proporcionava mais prazer, prometeram mudar. E não levou a nada. Felicidade está em adaptarmos nós mesmos a realidade e encontrar o que nos traz prazer.

No final da peca, conversando com os atores que tinham também escrito a trama, descobri que aquela peca representava o medo deles. Acabaram a faculdade e foram soltos no mundo. Viveram por tanto tempo em um mundinho fechado, e de uma hora pra outra tinham que eles próprios resolver seus problemas, enfrentar seus medos e encontrar suas soluções.

É bom perguntar pra alguém nossas dúvidas sem respostas. Tem coisas que ninguém nunca respondeu nem responderá, mas eu garanto que os outros terão pontos de vista e teses que trarão respostas. Você mesmo vai responder sua pergunta.

Sim, tudo isso faz parte da vida. Todos os medos e dúvidas, fracassos e perdas, dores e angustias. A vida dá problemas pra quem é forte o suficiente pra suportá-los. Talvez você perdeu sua mãe porque a vida quis lhe mostrar como você é capaz de superar os dilemas, por maiores que sejam.

Faz parte pedir ajuda, nós temos que encontrar pontos de paz e ajuda que vão nos salvar nas horas mais difíceis, mas no final nós, somente nós mesmos, vamos conseguir. Provavelmente no final, aquelas mesmas dúvidas do inicio não sejam respondidas, mas pra que respostas se a vida lhe mostrou que aquilo eram apenas obstáculos, e que no final tudo valeu a pena?

Faz parte chorar, gritar, perguntar pras pessoas coisas que nunca pensariam, faz parte mostrar pras pessoas que estamos machucados e também faz parte encontrar salvações. Porque todos esses acontecimentos da vida vão nos levar a um final já estabelecido, onde todos os pontos negros fizeram os brancos valerem a pena, e os brancos superaram os negros.

A luz sempre aparece no final do túnel, abra os olhos, procure a saída. Caminhe, mesmo sem proposito, perca pessoas, troque amigos, colha conselhos, ouça um bandido. No final, tudo faz valer a pena.

Everybody hurts some days
It's okay to be afraid
Everybody hurts, everybody screams
Everybody feels this way, and it's okay
Lalararara, it's okay

(...)

Tantas perguntas, tanto na minha cabeça
Tantas respostas que eu não consigo encontrar
Eu gostaria de poder voltar naquela época
Eu me pergunto por quê


Everybody Hurts - Avril Lavigne

sábado, 12 de maio de 2012

where is the love?


(...) Resolvi então abrir os olhos. Um berço, eu estava em um berço. Em volta, um papel de parede com ursinhos, do qual eu tinha uma vaga lembrança de já conhecer. Continuei olhando ao redor, era um quarto de bebe. Minhas pequenas mãos mal alcançavam meus cabelos. Onde estão minhas unhas compridas e pretas? Porque meu cabelo está tão curto, como eu faria minha tranca habitual? Quem era eu? Meu corpo não era o mesmo, pernas pequenas e gordinhas, tudo completamente infantil, diferente. Mas de alguma forma eu já tinha visto esse corpo. Fotos. Eu me lembrava de fotos, conhecia essa criatura.
Tudo aquilo fez meus olhos embaçarem, sentia lágrimas surgindo. Mas dessa vez meu choro não saiu como o normal, aquele choro silencioso e tímido, o que eu chorava tantas vezes deitada na cama, antes de dormir. Dessa vez eu dava berros estridentes, era impossível evitar, eu gritava e gritava, enquanto chorava. Qualquer um na casa, ou até na rua seria capaz de ouvir. Tentei engolir o choro, fechar a boca e enfiar a cabeça no travesseiro, como já fizera tantas vezes. Sem resultado. Angustia, medo, confusão. E eu chorava mais e mais, com berros mais altos, saindo do fundo do meu peito, como quem pede socorro.
Mamãe apareceu na porta, ela estava diferente. Estava mais... Nova? Sua fisionomia era oposta ao que eu imaginara que seria, tinha a certeza de um rosto preocupado, desesperado, mas pelo contrário, ela me olhava como quem já acostumara com aquela situação, àqueles berros e aquelas lágrimas. Eu já chorara assim tantas vezes? Busquei palavras que pudessem explica-la, pudessem pergunta-la o que estava acontecendo, mas não encontrava nenhum meio de dizer. Era como se todo aquele vocabulário bonito que eu passara a vida aprendendo sumisse da minha mente.
Como quem já realizara essa mesma atitude centenas de vezes, mamãe passou um braço por baixo de mim, e com o outro me levantou. Aquela pele quente e macia, o frescor daquele hálito e até o brilho daquele sorriso eram tão puros, sinceros. Acalmaram-me. Quem me dera esses braços de camomila tivessem calado meu choro todas as vezes que eu chorava sozinha no quarto, louca por uma solução, ou até por um fim. Eu não tinha forcas para chorar. A forma como ela me olhava, o amor que passava com seus olhos simplesmente me calou. Selaram minhas lágrimas. Era como se não houvesse mais motivos capazes de me entristecer, como se todo meu mundo, horas antes tão complicado e cheio de responsabilidades, se resumisse em um colo, aquele colo.
Seus braços me embalavam enquanto seus lábios começaram a recitar uma cantiga. Eu já a conhecia. No balanço de seu corpo meus olhos pesados não tinham forcas pra se manter abertos, até que eu só pude ouvir algumas palavras no fundo da escuridão, sendo levado por um sono profundo, aquele ninho de seus braços ainda me esquentando e aconchegando. (...)

O que fora aquilo? 
Um sonho. 


Ou será um pesadelo?