segunda-feira, 26 de setembro de 2016

30/10/2012
A escuridão me cai bem, então optei por escrever no escuro. É, aparentemente, as pessoas estão certas quando dizem eu após se acostumar vem o próximo passo: gostar. Fazia tempo que eu não escrevia; confuso que eu me sinto um tanto tola colocando no papel um pouco de mim, talvez certo, talvez errado, ou talvez, por ser um papel e um lápis, ambos minhas propriedades, eu simplesmente não devesse pensar em um certo ou errado, afinal, provavelmente nesse caso o correto nem exista. Sem regras, sem julgamentos, apenas a insegurança e o medo que me habitam.
Eu me lembro de ouvir que minha principal característica era meu sorriso. Eu sorria o tempo todo, com os lábios, os olhos e até com as palavras e atitudes. Mesmo quando as coisas não estavam bem, eu me sentia feliz por sorrir da mesma forma. Talvez eu pensasse que era assim, na verdade. Apenas uma ilusão de menina dramática. Ou talvez não, mas isso ninguém sabe.
Não dá para dizer que é tudo consequência dos últimos anos. Eu sempre fui uma criança insegura, talvez eu tenha sido também sempre bastante auto-crítica. Essa absorção de loucura, criação do medo, procriação da insegurança, tudo isso junto, transformou o “insegura” em “absurdamente insegura”. As frases passaram a começar sempre com “eu acho” ou “talvez, afinal, dentro do meu próprio caos, nem mesmo as palavras são certas. Quem sou eu para saber de algo, certo?! Ou talvez o certo seja: quem sou eu pra duvidar da minha própria opinião? Mas hoje nada precisa ser certo... Só precisa ser eu.
Essa preocupação obsessiva com os outros obviamente não é atoa. Eu não quero que ninguém tenha medo, e o que a dor mais proporciona é ele mesmo: o medo. Eu não quero perder ninguém depois de ter perdido a pessoa mais especial de todas... eu mesma. Dentro da minha loucura eu perdi os caminhos da perfeição, me joguei da ponte que me permitia ser eu mesma e aqui estou, dentro do nada. Não é culpa de ninguém mais nem ninguém menos do que eu mesma. Eu criei a loucura.
Não é um texto que traga uma conclusão, nem mesmo que traga o bem. Hoje eu não preciso de algo que me cerca há tempos, eu só quero... escrever. Nem tudo tem que trazer um fundamento, na verdade.
É, eu também não gosto mais de escrever. Palavras vazias logo perdem sua graça.
Por que as coisas estão assim, por que eu nem mais sei dizer o que penso? Desde quando eu me perdi assim?
Os dias vão passando, eu já deixei de ganhar coisas, amigos e argumentos, agora aos poucos eu vou perdendo as palavras, as pessoas e, no final, talvez o vento consiga levar também os meus próprios sentimentos.
Com as mãos na cabeça, eu escuto meu coração. Ele bate fraco, uma pulsação por vez para não deixar com que o barulho atrapalhe ninguém.
E assim, dia após dia, vidas vão surgindo enquanto eu vejo a minha partir.
Não tem mais jeito, acabou, boa sorte, não tenho o que dizer, são só palavras, e o que eu sinto não mudará.